VIVER DÓI!
Três poemas trágicos
SONETO VISCERAL
Isso é o que não cabe em sua medida
O poema mais belo que está por se fazer
Sentir nos poros esvair o verso simples
Eis que nada trairá seu apuro pundonor
É a metáfora forjada de uma pena e uma dor
Sua garganta em chamas denuncia cada tom
E os olhos contam pés nos heróicos um a um
Pelos dedos encharcados de escandir, no doce afã
Nunca a figura se fará em seu real
Nem a poesia pousará em seu papel
É o terror que colherás ao findar com tua rima
Sem que domines tua verve ouvirás um falso vate
Quem te proclamar um duelo: “morrerás sem tua meta!”
Eis o cadáver putrefato, mas o verso não termina.
Espectro
A esperança é a última que morre...
– “Irmão das almas”,
E a primeira que cede.
Ж
As gentes acumulando no dia
Os olhos meus mais de perto
hipermetropolipia