VIVER DÓI!


Três poemas trágicos


SONETO VISCERAL


Isso é o que não cabe em sua medida

O poema mais belo que está por se fazer

Sentir nos poros esvair o verso simples

Eis que nada trairá seu apuro pundonor


É a metáfora forjada de uma pena e uma dor

Sua garganta em chamas denuncia cada tom

E os olhos contam pés nos heróicos um a um

Pelos dedos encharcados de escandir, no doce afã


Nunca a figura se fará em seu real

Nem a poesia pousará em seu papel

É o terror que colherás ao findar com tua rima


Sem que domines tua verve ouvirás um falso vate

Quem te proclamar um duelo: “morrerás sem tua meta!”

Eis o cadáver putrefato, mas o verso não termina.


Espectro


A esperança é a última que morre...

– “Irmão das almas”,

E a primeira que cede.


Ж


As gentes acumulando no dia

Os olhos meus mais de perto

hipermetropolipia



Nilson Pereira de Carvalho

nilson pereira de carvalho foi inventado à base de amizade com o sol e a lua, desde criança e a fazer histórias com naipes de baralho, como a Alice que não mora mais aqui. Estudar letras ocorreu antes de fazê-lo na UFG, hoje, disserto, busco contrair doutorado em tesão sobre o de Chico Buarque em suas obras. Os documentos rezam goiano, mas, si mesmo, rezo olhano para todas as cidades, do céu ao inferno, que deus as tenham, pois o diabo jaz. São longos os quarenta anos e já vãos tardes quentes a ressecar a pele negra e sangue mofo e frio, qual a vida que faz doer meu compadre, o Finado Túlio, de quem literopsicografo uns poemas aí.
Email: noslinnilson@yahoo.com.br