Vaca de Nariz Sutil
Dheyne de Souza, Carvão sobre papel, 2007
Desmontagem de um haikai ainda
inescrito ou homem pensando eixos
de sua biografia inervada nessacidade
[1.]
A lógica o objeto o pássaro morto a carne viva
do homem morrendo as estrelas entristecem as paisagens,
iluminam o pó da pele e a matéria das palavras
deixando bocas digitando a curvatura azul
do som da sombra
de qualquer quem se empedra
no movimento ensurdecedor de operar enigmas
e o manejo até mesmo as gramáticas do afeto.
[2.]
A substância angústia
inerva a medula metálica do homem
feliz esperando a morte
a morte sempre mórbida do aparelho perceptivo
do homem inervado pela substância
amorodiar o alimento convém ao Deus
também convém ao homem,
a mortalidade torna o homem inamordaçável.
As nervuras da carne jamais se calam,
andarilham infernos, paredes móveis
movendo os vazios de lugar.
[3.]
Não há sequer sofrimento estável.
A angústia:
máquina orgânica logoilógica
despe limitrofias e analogias,
veste nem relógio digital
e sequer o silêncio em que investe.
[4.]
A despeito da montagem
não há imagemnemônica
nem nenhum som radiografado
nem código algum nada
cura da-coisa-anônima-ele o homem.