Ruído Branco
Ruído Branco é um par de significantes, e os significantes deslizam, ar modulado por cordas, enviado ao corpo do outro, ouvidadentro, raptando sentimentos informes, construindo outros. Entre um e outro ouvido, o som atravessa o silêncio intracrânio e envia-se para os desfiladeiros do corpo, e o corpo retorna sinais ao silêncio intracrânio, e de algum modo, esse par de significantes, ruído branco, som em si mesmo sem sentido, transforma-se numa experiência de sentido.
Editorial
no ouvidadentrar de significante a significante alvirruidoso deste sítio, ou — sem delongas — nas colunas desta revista ruídobranco, você têm a seu dispor: a artista-visual-poeta Patrícia Martins (Patchwork), o poeta Wilton Cardoso (Neuropop), o prosador-poeta André de Leonnes (Mieloma de Ocasião), o poeta jamesson buarque (página p.), o prosador-proseta-poeta Wesley Peres (Vaca de Nariz Sutil), e o músico Paulo Guicheney (C-dur). a colcha-de-retalhos da Pat é uma coluna que se ocupa de arte visual; seu texto inaugural é “Montagem – Cut-up – Apropriação – Invasão” — uma fala crítico-informativa sobre a colagem como processo de reconfiguração do discurso artístico no contexto da atualidade. no trânsito, você, leitornauta, poderá apreciar algumas montagens da autora. em Neuropop, o Wilton se ocupa do universo pop, cultura de massa e mídia em geral como máquinas loucamente devoradoras das diversas linguagens culturais, e a serviço do multiprocessador capitalista, que ao receber o bolo de suas máquinas, devolve tudo em formato de mercadoria para manutenção do neurótico ânimo consumista. seu primeiro texto é “Pistols: The Dark Side of The Beatles”; nele, o autor debate como os Beatles e os Sex Pistols transitaram da condição do rock como diversão e como grito dos marginalia para a condição de produto comercial muito lucrativo e para condição de balizas de criação do rock no planeta. o Wilton fecha a coluna devorando componentes do universo pop e do cult, no belíssimo poema “yoda/marx”. em Mieloma de Ocasião, o André, em verve prosaico-cronista, põe o cenário da prosa ocidental contemporânea em debate provocante. no texto inaugural, “Pynchon para iniciantes”, o autor evoca para você, leitornauta, o escritor estadunidense de Glen Glove, considerado por Harold Bloom um dos maiores romancistas da atualidade. na página p., o james fala de poesia e o diabo a quatro — no topo da coluna há um texto desexplicativo dos propósitos do autor. no texto inaugural, “dúvida, amor, poesia e traição ou simplesmente sobre judas e dante – parte um”, ele discute a impregnação da poesia na vida vivida sócio-cotidianamente. em Vaca de Nariz Sutil — metáfora-título do livro homônimo de Campos de Carvalho —, o Wesley, em verso e prosa e em seu formato mais particular, o prosema, dialoga sobre o sentido, a existência e a potência das coisas diversas que nos rodeiam. no texto inaugural, “O espirro de uma vaca de nariz sutil”, passando por Heidegger, Camus, Don DeLillo, pelo próprio Campos de Carvalho e por-si-mesmo —, o autor poetamedita o plurissigno de “ruídobranco” para você, leitornauta. em C-dur — nome alemão da nota musical dó —, o Paulo falafaz (de) música, sempre vinculando seu texto a um podcast contendo composição de sua autoria ou de outros. no primeiro texto, “Anjos são mulheres que escolheram a noite” — reapropriação da metáfora-verso-poemacompleto de Wesley Peres em Palimpsestos —, o autor descomenta e apresenta a composição para soprano e computador, feita sobre versos deste poeta e a partir da voz de Mábia Felipe — cuja garganta aloja deusas e pássaras. esta, leitornauta, é “ruídobranco” — novíssima revista eletrônica de diálogo com você sobre cultura pop, cult, popular, acadêmica, erudita e outras sem etiqueta.
jamesson buarque